Esta semana a minha irmã e cunhado pediram-me para tomar conta da
minha sobrinha enquanto eles iam trabalhar. Por norma, ela fica com
os avós paternos, mas também ele precisavam de uma folga e eu
fiquei a saber o porquê …
A Laura não gosta de dormir. Luta connosco para se libertar
quando a queremos adormecer e acorda várias vezes durante a noite.
Às 6h45 os pais saíram e a tia entrou ao serviço. Consegui
adormecê-la e dormiu até às 09h00. Comeu bem o pequeno-almoço e
depois brincámos muito. Desenhámos, fizémos ovos mexidos na
cozinha de brincadeira, lemos livros, vimos fotos e vídeos da
“Laua”, andámos de carrinho, ou melhor ela andou e eu empurrei
... Esta agitação toda, sem parar, até à hora do almoço. A
refeição também correu bem, mas depois o plano era pô-la a dormir
a sesta e ir preparar o jantar para os pais. Não quis, queria ver o
“Mika”(i.e. o Rato Mickey). Sentei-a no sofá a meu lado e de
cada vez que ela encostava a cabecinha ao meu colo, sonolenta, tentei
levá-la para o seu quarto. Fracassei umas três vezes, mas quando já
tinha passado uma hora, fui o mais autoritária que pude e disse-lhe
que estava na hora da sesta. O cansaço acabou por vencê-la e eu
fiquei por uns momentos, apenas com o som da sua respiração, a
contemplar o rosto do meu doce. Breve pausa, pois 15 minutos depois
já acordava.
Após 45 minutos de sono intermitente, a Laurinha despertou e eu
ainda não tinha conseguido adiantar o jantar. Ficou comigo na
cozinha, mas eu cai no erro de lhe ir dando bolachas para entretê-la.
Resultado, quando chegou a hora do lanche, já não quis comer a
papa. Ainda pensei, “dou-lhe leite, agito-a e pronto, é o mesmo
que ter-lhe dado o Nestum de Bolacha”. Estou a brincar! Felizmente
a minha irmã chegou por esta altura e ela comeu um iogurte.
Eu já estava cansada, mas a minha irmã pediu-me para ficar mais
um pouco a brincar com a Laura enquanto passava a ferro. Adoro
brincar com a minha sobrinha. Adoro fazê-la rir. Lembrei-me de fazer
o “avião”. Asneira! Fiz a primeira vez, ela riu. Assim que pu-la
no chão, levantou os bracinhos para mim: “Mais”. Fiz a segunda
vez … “Mais”. A terceira vez … “Mais”. Tive de,
estrategicamente, mudar a atenção dela para outra coisa, pois já
não tinha mais força para elevá-la.
Assim que a mãe ficou disponível para brincar com ela,
despedi-me e vim para casa descansar, pensando, “como é bom ser
tia!”.
Não posso deixar de elogiar a minha irmã, por ser mãe, esposa,
dona de casa e ainda trabalhar por turnos como enfermeira, a cuidar
de outras pessoas. Ajudá-la-ei sempre que puder e como puder a
cuidar da minha sobrinha, até porque, desde o momento que sai pela
porta, tive saudades do seu sorriso.
Partilha de experiências e pontos de vista de uma brasileira (Juliana) e uma algarvia (Marisa) em Lisboa.
sábado, 22 de fevereiro de 2014
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
A primeira vez
No fim-de-semana passado o avô paterno da Laurinha colocou para a
neta ver de perto uns caracóis e caracoletas, que apanhou na horta,
dentro de uma caixa. Foi um fartote de gozo ver o deslumbramento da
minha sobrinha ao tomar conhecimento e entrar em contacto pela
primeira vez com aquelas criaturas. Assim que eu cheguei, agarrou-me
pela mão e sentou-me no chão ao seu lado para brincar com os “cacois”. O avô mexia-lhes
nos “corninhos” e ela ria-se ao vê-los recolher. Depois, o avô
deu-lhe um pauzinho de plástico para ela alimentar os caracóis com
uns pedacinhos de verdura, até que, às tantas, incauta, levou o
pauzinho à sua própria boca. Ouviu-se um “não” em coro, dos
adultos, e a mãe zelosa e veloz, retirou-lho da mãozinha.
Uma das coisas que me delicia ao ver a minha sobrinha crescer é testemunhar a forma como ela descobre o mundo. Recordo este Natal passado, quando o meu cunhado acendeu as luzes da árvore de Natal pela primeira vez. Ela estava ao colo da mãe e disse “Ohhh”, com os olhos muito abertos, deslumbrada.
No Verão passado estreou-se a banhos. Primeiro estranhou a areia e teve medo do mar, mas assim que se habituou à agua, “entranhou”, como diria Fernando Pessoa, e até chorava quando os pais a queriam levar para a toalha.
Outro episódio engraçado foi quando provou um gelado pela primeira vez. Reagiu primeiramente à mudança de temperatura e arrepiou-se, depois descobriu o sabor doce e, então, arriscou nova prova. Observo sempre atentamente cada vez que lhe é dado a experimentar um novo alimento. Se é do seu agrado, reproduz o som “humm”, lambendo os lábios de olhos fechados e depois diz “Mais”. Imperdível!
Há medida que vamos crescendo, vão se tornando cada vez mais raras as oportunidades de experimentarmos algo pela primeira vez e, pior ainda, o peso de más experiências passadas, provoca o medo da novidade e impede-nos de arriscar, perdendo assim eventuais oportunidades para a felicidade. Devemos todos aprender com as crianças.
P.S.: Confessem que, pelo título, pensaram que eu ia falar sobre outro assunto. Seus marotos!!!
Uma das coisas que me delicia ao ver a minha sobrinha crescer é testemunhar a forma como ela descobre o mundo. Recordo este Natal passado, quando o meu cunhado acendeu as luzes da árvore de Natal pela primeira vez. Ela estava ao colo da mãe e disse “Ohhh”, com os olhos muito abertos, deslumbrada.
No Verão passado estreou-se a banhos. Primeiro estranhou a areia e teve medo do mar, mas assim que se habituou à agua, “entranhou”, como diria Fernando Pessoa, e até chorava quando os pais a queriam levar para a toalha.
Outro episódio engraçado foi quando provou um gelado pela primeira vez. Reagiu primeiramente à mudança de temperatura e arrepiou-se, depois descobriu o sabor doce e, então, arriscou nova prova. Observo sempre atentamente cada vez que lhe é dado a experimentar um novo alimento. Se é do seu agrado, reproduz o som “humm”, lambendo os lábios de olhos fechados e depois diz “Mais”. Imperdível!
Há medida que vamos crescendo, vão se tornando cada vez mais raras as oportunidades de experimentarmos algo pela primeira vez e, pior ainda, o peso de más experiências passadas, provoca o medo da novidade e impede-nos de arriscar, perdendo assim eventuais oportunidades para a felicidade. Devemos todos aprender com as crianças.
P.S.: Confessem que, pelo título, pensaram que eu ia falar sobre outro assunto. Seus marotos!!!
domingo, 9 de fevereiro de 2014
O efeito McNamara
Esta Sexta-feira foi um dia diferente. Rumei com os meus colegas da Restart até à Nazaré para assistirmos à produção de uma campanha que tem como protagonistas a Mercedes e Garett McNamara.
Este senhor tornou-se conhecido dos portugueses, e ainda mais no mundo, em 2011, por estabelecer o recorde da maior onda surfada em 24, 77 metros, na Nazaré. No início de 2013, novamente na Nazaré, terá logrado surfar uma onda de 30 metros, um valor que ainda procura ultrapassar.
Na altura que estas notícias surgiram acompanhadas pelas fotos das gigantescas ondas, o pensamento geral em relação ao protagonista da proeza deve ter sido, “esta juventude é maluca”. O senhor tem 46 anos.
Não sou surfista, aliás mal sei nadar, mas não me passa despercebida a coragem e tenacidade deste homem, que se propõe tentar vencer as forças da natureza e os limites do próprio ser humano. Quando o conheci na Sexta-feira, disse-lhe que era muito corajoso e que o admirava por isso, ao que ele me respondeu que cada pessoa tem o seu desafio, e este era o dele.
McNamara tornou-se um ídolo, não só para quem é fã da modalidade, mas julgo que para os adultos com mais de 40 anos, pois demonstra que a idade é apenas um número, e mesmo para os jovens, como exemplo de entrega e compromisso para com um objetivo. O que ele faz não tem nada de imprudente. Ele prepara-se com antecedência, estuda as cartas das marés, faz ensaios, treina o corpo.
Para além disso, o Garett é uma pessoa acessível, adorado pelos habitantes da Nazaré, e que soube retribuir a forma como foi acolhido, sendo já apelidado de “o presidente da Junta de Freguesia”.
Fico a torcer para que consiga apanhar “the big one”.
sábado, 1 de fevereiro de 2014
Vitamina D
Diz o povo “Janeiro fora, cresce uma
hora”. Fico tão contente perante a expectativa de podermos gozar de
luz natural durante mais horas do dia.
Adoro o Sol (sou algarvia). Estes
dias em que o radiante astro resolveu brindar-nos com a sua presença,
levantaram-me o ânimo. Soube-me bem passear junto ao rio no Parque
das Nações. Abasteci-me de vitamina D, a vitamina do bom humor.
Uma das características mais belas de
Lisboa é a sua luz natural. Quando os raios solares incidem sobre as
fachadas dos prédios, intensificam as suas cores, como o amarelo do
Martinho da Arcada, que contrasta com o branco polido do arco da Rua
Augusta, e, na linha do horizonte, com o azul do Tejo, salpicado de
cristais.
Há que reconhecer o bom gosto dos
pombos que não abandonam a baixa de Lisboa. Percorrem nos seus voos
o traçado pombalino (i.e. idealizado pelo Marquês e não columbófilo),
perscrutam com proximidade as estátuas de Reis e
outras figuras ilustres, e imergem na formosura das fontes.
Não resisto a fotografar a cidade,
mesmo repetindo os sítios e vistas. Não domino a arte e temo nunca vir a
fazer jus à beleza de Lisboa, mas arrisco dizer que é impossível
tirar-lhe uma má fotografia, por mérito da modelo.
Agora a população autóctone passa
mais o seu tempo livre nos centros comerciais, mas quando o Sol se
instala, a cidade ganha outro ânimo, que dá gosto ver, ouvir e fazer
parte.
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