domingo, 29 de junho de 2014

Ir a banhos

Sendo algarvia, da zona litoral, é um pouco importuno para mim ter de fazer um percurso de mais de meia hora de carro para molhar os pézinhos, porém existem outros atrativos que não encontro em Portimão.
A minha zona favorita de veraneio é a de Cascais/ Estoril, pois culmino sempre o meu dia com um gelado no Santini e um passeio para ver as pitorescas villas de tempos mais afortunados.
Outra alternativa é ir para a Costa da Caparica. Aí já é um programa de família, que normalmente inclui um almoço no restaurante do Barbas (embora eu seja simpatizante do Sporting), onde recentemente degustámos açorda de lagosta.
Onde também se come bom marisco é em Sesimbra. O areal é convidativo, embora depois tenhamos de subir a ladeira se não encontrarmos lugar para estacionar lá perto.
Também fui à outra margem, ao portinho da Arrábida. Mais um percurso para testar a nossa forma física, mas é um regalo para os nossos olhos. Só não petisquei por lá, por isso não posso dar o meu voto, mas afiançam-me que é de provar.
Sim, por cá, ir a banhos contempla comes e bebes, devido à distância a que fica da nossa própria cozinha, porém sempre podemos optar (a crise a isso incentiva) a levar um farnel.
Bons banhos!

domingo, 22 de junho de 2014

Toda mulher é meio Carrie Bradshaw. Por Juliana Doretto

A série “Sex and the City” estava no auge, mas eu não estava. Era início dos anos 2000, e, no meio do curso universitário, acreditava que aquelas quatro americanas nada tinham a ver com meu presente nem diziam nada sobre meu futuro.
Mas a história anda, e dez anos depois, redescubro o programa, em madrugadas insones e sem Copa da Mundo na TV portuguesa, defronte à minha tela de 14 polegadas.  E só então entendo de onde veio o sucesso.
As roupas de Carrie Bradshaw ajudam, é claro, mas – infelizmente –, não é com o seu guarda-roupa que me identifiquei. Aos 20, quando o programa era febre, eu acreditava numa regra que até então tinha funcionado em minha vida: “Esforce-se e terá”.
Com isso, eu tinha atingido todos os meus objetivos, que eram modestos, mas me pareciam enormes naqueles anos: a universidade disputada, o primeiro salário, o emprego no jornal. Até nos namoros as coisas iam bem.
Como não ter o casamento perfeito, Charlotte York? “Esforce-se e terá”. Como você pode ficar tanto tempo sozinha, Miranda Hobbes? “Esforce-se e terá”. Como não consegue se adaptar a Paris, Carrie? Já sabe o lema...
Depois de um divórcio (unilateral, e o lado não foi o meu), de uma passagem frustrada pela Europa do leste, de decepções no trabalho, de uma lista de recusas em revistas e congressos acadêmicos – e de muitas sessões de terapia –, eu aprendi que a regra do “Esforce-se e terá” tem seus furos (e eles podem ser mesmo enormes). O que não me fez deixar de insistir no mantra, veja bem. Mas percebo hoje que às vezes não se consegue “ter”, por maior que seja o empenho. E que a vida não se torna menos suportável por conta disso.
Acompanhar as desventuras das quatro amigas virou rotina sagrada, e a cada episódio eu via todas as minhas idiossincrasias nos relatos das americanas. O sonho de Charlotte de se casar novamente, de noiva (quero sim, por que não?); sua vontade de ser mãe (meu relógio biológico faz tique-taque); a reviravolta nos objetivos de Miranda (a carreira é meu norte, mas eu também preciso de todos os outros pontos cardeais); a descoberta do prazer do corpo de Samantha (sim, senhora, tudo tem ficado melhor com a idade...).
Eu não sei como Carrie consegue sustentar seu estilo de vida sendo apenas colunista de um jornal mediano, nem como seu apartamento pequeno pode guardar tantas roupas. Aliás, ninguém precisa de tanta grife. (O que não quer dizer que comprar um par de sapatos de sonho não faça bem. Como me disse uma amiga: “Comprar acalma...”). Mas não é isso que importa. Quero sim uma vida com um pouco de glamour, mas desejo sobretudo o conforto de me saber (e de me dizer) complicada.
Não é uma questão de idade: nem todas as mulheres de 30 mostram suas contradições com certo orgulho, conscientes do drama que é viver. Há gente com 20 que já virou essa chave, e outras com 50 que ainda não a descobriram, e gostam de se vender como se fossem planas como uma dessas TVs que se anunciam em época de Copa. Que gente mais chata...
Eu não gosto do drinque Cosmopolitan (ícone da série), mas sinto uma imensa necessidade de tomar café com amigas e contar meus dilemas, vitórias e desgostos, assim como as protagonistas. Fingir choro, provocando riso. Chorar de verdade, despertando carinho. Fofocar, contar, gargalhar. Eu fazia isso aos 20, mas agora já sei que, com certas amigas, poderei ter esse tipo de conversa a vida inteira. E isso é tão bom...
Texto originalmente publicado em: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ruth-de-aquino/noticia/2014/06/toda-mulher-be-meio-carrie-bradshawb-por-juliana-doretto.html


quinta-feira, 19 de junho de 2014

Sardinhas ou Caracóis

Bem sei que a tradição nos arraiais é comer sardinha assada sobre pão caseiro, mas apesar de ser algarvia, não vou muito à bola com o peixe, então rendo-me aos caracóis. E por falar em caracóis (e bola), a nossa seleção precisa de sair da casca. Preferia que os nossos jogadores fossem mais como as sardinhas e fossem mais difíceis de engolir.
Estes são os atuais temas de conversa nos cafés e supermercados: sardinha ou caracol e futebol. Consequentemente, esta é a altura ideal para o nosso Governo passar a perna ao povo. Estamos todos distraídos com as festas dos santos populares e com o mundial de futebol. É uma tática que vem dos tempos romanos, a política do "pão e circo" de César, para diminuir a insatisfação do povo para com os governantes.
Na realidade nós precisamos de muito pouco para sermos felizes. Basta haver sol, termos um petisco numa mão e uma cerveja na outra, e estarmos na praia ou numa esplanada a ver futebol, que ficamos consolados. Mas deveríamos antes pôr os nossos corninhos de fora para sermos nós a servir sardinhas aos governantes, daquelas bem magrinhas para as espinhas serem difíceis de engolir.
Que os Santos nos acudam!

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Lisboa em festa

Junho é um mês muito animado na cidade de Lisboa. As ruas estão enfeitadas e perfumadas com manjerico e sardinha assada, e à noite há bailarico. Esta é uma altura fantástica para se estar em Lisboa e percorrer os arraiaias dos bairros das suas sete colinas.  As pessoas é que fazem o arraial, de resto a decoração é a mesma e em todos não falta a cerveja, a sardinha e a bela da bifana. Sinais dos tempos, para além de marchas e música “pimba”, o baile tem ritmos brasileiros, o que pode parecer estranho a um incauto turista à procura da música popular portuguesa, mas este ano até que combina com o mundial de futebol.  
Desde 1982 que Lisboa está em festa não só em comemoração dos santos populares, mas também pelo aniversário desta que vos escreve. Até fico emocionada com todo o aparato e miríade de atividades festivas durante a semana para celebrar o dia do meu nascimento na próxima segunda-feira. Este ano é especial, celebro o meu “Sweet Sixteen” ... a dobrar!
Os meus trinta e um anos não me deram motivos para comemorar, mas tenho esperança que os trinta e dois me dêem mais uma oportunidade de ser feliz. Como a altura é propícia, inspiro-me numa quadra do poeta Aleixo:

Após um dia tristonho
De mágoas e agonias
Vem outro alegre e risonho:
São assim todos os dias.

Happy birthday to me!

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Até qualquer dia!

Faltam menos de 15 dias para eu completar 32 anos de existência, quatro dos quais passados aqui em Lisboa. Este será o meu último post no Viajando na Maionese, pois foi feito para partilhar as minhas experiências em Lisboa. Tudo aponta para o meu regresso ao Algarve.
Foram quatro anos de grandes emoções e aprendizagens. Fiz novos amigos e reencontrei velhos. Colhi novas experiências que não tive oportunidade de viver em mais nova. Apaixonei-me, amei e sofri.  A nível profissional tive vitórias e derrotas. Infelizmente, não consegui realizar as minhas expectativas em relação a Lisboa e deixo alguns projetos por concluir. Porém, nada me vai custar tanto como deixar de ver o sorriso da Laura todos os dias.
Ser tia foi a melhor coisa que me aconteceu enquanto estive em Lisboa. Poder acompanhar a gravidez da minha irmã, estar presente no nascimento da Laura, ouvi-la dizer as primeiras palavras, gatinhar e dar os primeiros passos. Ainda hoje não me habituei a ouvi-la chamar-me de tia. Soa-me sempre como o anúncio da minha vitória de um Óscar. Sou tia da Laura, a miúda mais querida da Bobadela e arredores!
Todos os dias ela presenteia-nos com uma novidade, uma nova palavra, um novo gesto, uma nova expressão. Na semana passada acompanhei-a a um aniversário de crianças. No quarto de brincar, coloquei-lhe uma guitarra ao peito e ela começou a mexer nas cordas com um rosto muito compenetrado, como se estivesse a fazer música. Uma menina começou a falar alto. Do nada, a Laurinha leva o dedinho indicador aos seus lábios e faz "shiuuu". Desfiz-me em gargalhadas! Estavam a interromper-lhe o concerto!
Tenho receio que ela se esqueça de mim e tenho pena daquilo que vou perder, como o primeiro dia de aulas.
A tia adora-te Laura!